Nesta quinta-feira (21), vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foram recebidos na Administração Regional do Tatuquara. Pela manhã, conversaram com o administrador Marcelo Ferraz Cesar sobre o planejamento da Prefeitura de Curitiba para a região, visitando na sequência a região que será transformada no Novo Bairro do Caximba. À tarde, os parlamentares vistoriaram o Aterro do Caximba, que receberá o projeto Pirâmide Solar, para geração de energia fotovoltaica, depois se dirigindo à Estre Ambiental, onde discutiram a situação atual da coleta e destinação final de resíduos na Grande Curitiba.
Participaram da atividade o presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), Indiara Barbosa (Novo), Amália Tortato (Novo), Nori Seto (PP), Mauro Bobato (Pode), Leonidas Dias (Solidariedade) e Herivelto Oliveira (Cidadania). Além de se inteirar sobre os projetos do Executivo, as visitas serviram para os vereadores avançarem na fiscalização do novo modelo de gestão dos resíduos sólidos. Na Estre, a secretária executiva do Conresol (Consórcio Intermunicipal para Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos), Rosamaria Milléo Costa, afirmou que a estruturação da nova licitação está em vias de ser concluída.
“Estamos nos últimos ajustes, para lançar o quanto antes o edital [de licitação]. Não há projeto desse porte no Brasil”, ela disse, referindo-se à proposta de descentralizar a destinação final dos resíduos em quatro pontos diferentes, em vez de concentrar, como é hoje, quase a totalidade do que é produzido nos 24 municípios do Conresol no aterro da Estre Ambiental, em Fazenda Rio Grande – há outro ponto de recebimento, da empresa Essencis, mas com menor capacidade.
A ideia é que na nova licitação haja a compensação dos custos de operação, pela concessionária do sistema, com os produtos gerados da transformação dos resíduos em energia, por exemplo. Então, se hoje o Conresol paga R$ 81,08 por tonelada destinada aos aterros, quem assumir o serviço deixará de cobrar das cidades do Conresol parte do valor. Além de baixar o custo, por estimular o reaproveitamento dos resíduos, a nova modelagem reduz o uso do aterro para depósito de rejeitos, ampliando a vida útil das áreas.
“A CMC está de olho nesses processos futuros, da licitação e do consórcio. É importante essa perspectiva de enterrar cada vez menos lixo, gerando riqueza e ganhos ambientais da gestão de resíduos”, afirmou Tico Kuzma. “É importante conhecer pessoalmente as instalações, em detalhe, para as ações de fiscalização”, completou Indiara Barbosa, que havia visitado a Regional do Tatuquara antes, para saber da situação de escolas da área. “Conhecer a operação, em todas as suas fases, é muito importante”, concordou Seto.
Herivelto Oliveira, ao final das visitas, destacou o avanço no tipo de manejo e os benefícios da adoção de uma modelagem mais moderna para a gestão ambiental da cidade. Na mesma linha, Amália Tortato, cuja defende a pauta do ‘lixo zero’, e que não conhecia os aterros pessoalmente, elogiou a iniciativa da Câmara de Curitiba de fazer as vistorias para ampliar o conhecimento técnico dos parlamentares. Para Leonidas Dias, a atividade foi uma prévia do debate que a CMC sediará, no dia próximo dia 27, às 19h, quando discute, em audiência pública com municípios da região metropolitana, a redução do uso de produtos descartáveis.
Aterro do Caximba
Mauro Bobato registrou que a Região Sul de Curitiba teve a promessa do Executivo, quando o Aterro do Caximba começou a operar, na década de 1980, que a área seria compensada pelo impacto da operação, “mas isso nunca aconteceu”. Desativado em outubro de 2010, a área permanece em observação desde então e, segundo Edelcio Marques dos Reis, diretor de Limpeza Pública da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, os cuidados com o aterro permanecerão por mais 20, 25 anos. “A visita dos vereadores é importante para comprovar o trabalho de qualidade que fazemos aqui”, comentou o gestor público.
Mesmo sem receber novas cargas há mais de uma década, o aterro ainda gera 10 m³ de chorume por hora, que são tratados no local antes de serem levados ao rio Iguaçu – “em condições adequadas à legislação ambiental”. O custo da operação de manutenção do Caximba é de R$ 480 mil/mês. No caso da Estre, por exemplo, por ser uma operadora privada, os cuidados com a área após a sua desativação não serão arcados pelo Conresol, pois já estão embutidos no preço pago atualmente por tonelada, explicou Vinícius Paes, gerente regional operacional da empresa.
Bairro Novo do Caximba
“Na primeira semana de janeiro, em 2017, foi montado um colegiado com todos os secretários para enfrentar a situação do Caximba”, contou o administrador Marcelo Ferraz, após confirmar a existência de pessoas morando em condições desumanas, com palafitas na área da calha do rio Barigui. “É uma situação de vulnerabilidade terrível, pois se chovesse na cabeceira do rio, longe dali, já inundava as casas, tamanha a precariedade. Já fizemos ações lá, mesmo sem a grande obra [do Bairro Novo] ter começado e agora, na semana que vem, teremos um escritório lá, pois cada caso é um caso”, continuou, enumerando que o projeto relocará 1.147 famílias e outras 546 serão reurbanizadas.
“A gente está prevendo, no Bairro Novo do Caximba, toda a dinâmica econômica local. Inclusive com o modelo da Vila de Ofícios, com residência em cima e um comércio em baixo. A empreiteira que for contratada deverá priorizar a mão de obra local”, exemplificou. Marcelo Ferraz contou sua experiência anterior, na Cohapar, quando esteve envolvido com o projeto do Guarituba. “Tem que transformar o bairro com a obra, para não ter mais liderança informal [do crime organizado]. Temos que por o Caximba no mapa, que é a maior ferida hoje. Claro, tem outras, no Xisto, que é uma ocupação complicada; tem o Pontarola, que está numa área ambiental”.