Separação incorreta: milhões de reais são enterrados no lixo todos os meses

Nesta sexta-feira (04), o vereador Tico Kuzma foi a campo para mostrar como as pessoas ainda descartam muito material reciclável como lixo comum. Apesar de Curitiba ter um dos melhores índices de reciclagem do Brasil, cerca de 25 a 30% de recicláveis continua indo para o aterro sanitário, de acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA). Percorrendo quatro bairros da cidade, o vereador e o diretor do Departamento de Limpeza Pública SMMA, Edélcio Marques dos Reis, recolheram cerca de 170kg de lixo “comum”. Após uma triagem, constataram que 21,5kg – ou aproximadamente 12,5% – do material recolhido era composto por materiais recicláveis.

“Estamos literalmente enterrando milhões de reais no aterro sanitário todos os dias”, afirma o vereador. Kuzma já havia realizado uma ação semelhante em 2009, quando a amostragem de recicláveis foi de 20% no lixo comum. A equipe recolheu sacos de lixo nos bairros Portão, Santa Quitéria, Seminário e Campina do Siqueira. “Nos antecipamos ao caminhão da coleta de lixo e levamos este material até a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Vitória. Lá, sob a orientação dos associados, fizemos uma triagem no lixo recolhido”, explica o vereador.

Recolhimento de madrugada

Segundo a presidente da Associação, Patrícia Carvalho, o índice da ação foi afetado, pois, de acordo com ela, os catadores têm feito as rotas da coleta de lixo ainda pela madrugada. “Com a pandemia a quantidade de gente que depende dessa atividade aumentou muito. Então há uma ‘corrida’ cada vez mais cedo para recolher o material”, afirma. “E mesmo assim, basta ver essa ação do vereador para perceber que as pessoas ainda descartam muita coisa de maneira errada”.

Segundo o diretor do Departamento de Limpeza Pública SMMA, bastaria que as pessoas utilizassem a lixeira corretamente e prestassem atenção ao dia e ao horário do caminhão da prefeitura para que esse índice fosse melhorado. “Além de deixarmos um passivo para o meio ambiente e para as gerações futuras, quando a reciclagem não é realizada corretamente, estamos enterrando recursos financeiros e tirando de famílias de catadores a oportunidade de aumentarem sua renda”, explica Reis.

Desperdício

Entre o material reciclável recolhido nesta sexta-feira que estava entre o lixo comum, 4,5kg era de papel e papelão, 6kg de vidro, 6,5kg de plástico, e 4,5kg de metal. Pelos valores médios que são pagos aos catadores pelo material, isso representa R$22,70. “A prefeitura recolhe 44 mil toneladas de lixo orgânico todos os meses. Se a gente utilizar apenas o número de hoje, de 12,5%, é o mesmo que mandar 5,5 mil toneladas todos os meses de material reciclável diretamente para o aterro”, explica Kuzma.

“Em valores financeiros, isso representa R$12,4 milhões por mês. É uma grande perda para os catadores, que são os principais beneficiados pela reciclagem, e é um prejuízo muito grande do ponto de vista do meio ambiente”, avalia o vereador, que anuncia que em breve irá divulgar ações em parceria com a prefeitura e empresas para contribuir para melhorar o índice de reciclagem em Curitiba.

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